Poema
O calor não
me deixa dormir à noite
Isso me
irrita profundamente
Depois meus
sentidos me matam
O dia lindo
lá fora me calcina com sua luz
O simples
toque me causa dor imensa
O ruflar de
asas de uma borboleta me deixa surdo
O fato é
que preciso
Apesar da
insônia noturna
Apesar do
calor
Levantar-me
e ter com o dia
Não há
armadura forte o suficiente
Não há
escudo contra os golpes
Não há vida
após a insônia
Há o
arremedo, o arrastar, a rotura
O desgaste,
os olhos pegando fogo
O calor não
me deixa dormir à noite
Mas me mata
de sono de dia
Coze-me os
músculos para que não se contraiam
Mata-me de
cansaço para que eu esmoreça
O simples
fato de ter de atravessar uma rua
É um
sacrifício, mas preciso andar um quilômetro todo dia
O calor me
derrete os tarsos
Metatarsos
e falanges dos pés
Mas eu
preciso andar
Ainda que
com o toco de pernas que me restam
Ainda que
com o que eu puder arrastar
O calor não
me deixa menos sujeito
Não me
deixa menos humano
Não
suspende minhas responsabilidades
Não me
torna inimputável
Não, apenas
me mortifica
Nenhum comentário:
Postar um comentário