A porta bate
E com ela se fecham
As bocas
As pálpebras
As conversas em
aberto
A última fresta de
luz
Que ainda havia
tristeza adentro
Fecham-se meus
dentes
Encaixando-se uns
aos outros
Desgastando seu ebúrneo esmalte
Fecham-se meu
ouvidos
Agora surdos do
bater da porta
Fecham-se os
zíperes
Os botões das
calças
As tampas dos potes
de creme
Do tubo de pasta de
dentes
Fecha-se o
espelhinho de passar batom
Fecham-se as mãos
postas em reza
Os punhos de raiva
Fecha-se a cabeça
para o futuro
A porta bate
E ninguém está do
outro lado para abri-la
Não há maçaneta do
lado de cá
Tudo se fecha
quando a porta bate
Os botões de flores
regridem-se
A glote se fecha em
edema
As narinas se
entopem
Os poros se fecham
secando a pele
Tudo se fecha
Quando a porta bate
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