sábado, 25 de outubro de 2014

AIS

Quando penso nos dias em que vivo,
O quanto falta para os meus momentos finais,
Mal eu fico, de meus pensamentos cativo,
A contar os dias, horas minutos de meus ais.

Não sei o quanto ainda estarei nesse mundo,
Pouco me importa o quanto ainda falta viver,
Pouco me importa se estou são ou moribundo,
Não sei o quando ainda me resta sofrer.

Como num romântico e vazio poema,
Lamento triste o tédio do viver meus ais,
Como se eu vivesse um real dilema,
Como se eu sofresse dores mortais

Finjo a desgraça que seria mui bela
Aos olhos de quem olhar essas letras vazias,
A minha vida é tediosa, mas não é aquela
Que eu desejo, restam-me as minhas azias.

De sorte que canto o vazio da vida
Boba, fútil, oca, estéril e estranha
Vazio de tédio, da enfadonha lida,
Cheia de ais, uis, frescuras e manha.

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